O que é IPO?
O Inicial Public Offering (IPO) é um momento de abertura de capital de uma empresa na bolsa de valores, onde ela vende suas ações publicamente pela primeira vez.
Após passar por um IPO, a companhia pode ter suas ações negociadas livremente no mercado de capitais, sendo elas adquiridas pelos investidores.
No entanto, isso não significa que o IPO é o momento onde uma empresa passa a receber investimentos. Isso porque qualquer negócio, mesmo no início de suas atividades, pode contar com incentivos financeiros externos ou internos, seja através de investidores anjos, bancos ou venture capital.
Portanto, o que uma Oferta Pública Inicial demonstra ao mercado é que a companhia chegou em um nível de maturidade onde se torna atrativa para o mercado de ações, seja ele nacional ou internacional.
É importante destacar que abrir capital na bolsa exige de uma empresa bastante estratégia e planejamento, já que esse é um processo extenso.
Como funciona um processo de IPO?
O processo de IPO costuma ser realizado por um período de 1 ano, custando mais de R$2 milhões em taxas, honorários e outras despesas para a empresa.
É comum que as companhias tenham uma equipe diretamente responsável para gerenciar o projeto, que consiste em:
- Banco de investimentos;
- Advogados;
- Contadores;
- Especialista da CVM no Brasil (Comissão de Valores Mobiliários).
O processo também exige a criação de um conselho de administração e possui o seguinte cronograma:
- 8 a 10 meses antes do IPO: criação do prospecto da empresa, que inclui seu histórico de demonstrações financeiras de três anos, e divulgação para comentários;
- 6 meses antes do IPO: contratos de transição de propriedade devem ser escritos, e as demonstrações financeiras realizadas e submetidas à auditoria;
- 3 meses antes do IPO: conselho se reúne e analisa a auditoria. A empresa é listada na bolsa de valores responsável por emitir suas ações;
- 1 mês antes do IPO: empresa deposita seu prospecto junto à CVM, emite comunicado de imprensa e vende suas ações.
Além das taxas pagas inicialmente, as companhias também desembolsam em torno de R$1 milhão por ano em taxas, por serem companhias públicas.
Por que empresas fazem IPO?
Mesmo sendo um processo complexo e caro, o IPO representa uma enorme oportunidade de desenvolvimento para as empresas.
Em geral, ele envolve uma reestruturação na gestão do negócio, que terá de fornecer informações financeiras e comerciais para o mercado e conviver com milhões de novos acionistas.
Entre os principais motivos para empresas abrirem capital na bolsa, temos:
Levantamento de recursos
Ao emitir ações ao público, as empresas conseguem expandir consideravelmente sua obtenção de capital. Isso porque, para se tornar acionista, cada investidor precisa comprar as parcelas de capital da companhia.
E com esse valor, as empresas conseguem financiar investimentos que proporcionam o seu crescimento e estabelecimento no mercado.
Mesmo que existam outras formas de um negócio obter recursos financeiros, sendo elas a próprio lucro líquido ou empréstimos, existem algumas diferenças em fazer isso com as próprias ações.
Enquanto financiamentos possuem prazos de vencimento, as ações não exigem um retorno específico, deixando as finanças da empresa muito mais estáveis.
Além disso, devido ao grande volume de operações e os outros benefícios oferecidos à empresa, emitir ações pode ser mais barato que outros tipos de operações de crédito.
Liquidez aos acionistas
Ao optar pelo IPO, empresas conseguem oferecer liquidez a seus investidores/sócios, ou seja, a chance de vender suas ações a outros investidores e ganhar dinheiro com isso.
Os motivos para essa operação podem ser variados: interesse em criar novos negócios, obter lucro financeiro ou falta de crédito no futuro da empresa. Essa característica fornece aos investidores de uma empresa na bolsa mais liberdade e segurança financeira.
Vale lembrar que fundos de venture capital e private equity costumam se tornar sócios de empresas antes de seu IPO com o objetivo de vender suas ações com preços mais elevados no futuro.
Percepção no mercado
Para abrir capital na bolsa, as companhias precisam tomar uma série de medidas internas para elevar o nível de transparência em suas operações e resultados.
Por conta disso, elas costumam obter mais credibilidade entre potenciais investidores, por darem mais atenção à sua governança corporativa.
Ademais, uma empresa que faz um IPO ganha muito mais projeção e reconhecimento público, já que esse processo dá visibilidade na mídia e um consequente acompanhamento por investidores e analistas.
E esse fator é altamente vantajoso para qualquer companhia, já que pode influenciar positivamente em seu faturamento nos próximos anos.
Como participar de um IPO?
Negociar ações na bolsa de valores exige diversas etapas bastante custosas para as empresas. Em muitos casos, inclusive, o IPO demanda uma mudança completa na forma de comandar a companhia, que impacta em sua cultura interna e externa.
Em geral, para um IPO bem realizado, os novos processos de controle e gestão precisam ser realizados de 24 a 36 meses de antecedência.
Isso porque a empresa deve ter em mãos suas demonstrações financeiras de três exercícios auditadas por uma instituição independente, de acordo com o padrão internacional de contabilidade, o IFRS.
Dentro do período antes do IPO, a empresa também deve se reestruturar internamente, no que diz respeito aos seus controles internos. Com a cobrança de mais transparência pelo mercado – ainda mais alta em alguns segmentos de listagem, é preciso estruturar diversas informações e processos.
Entre as informações que devem ser fornecidas, estão:
- Volume de vendas;
- Planos de captação;
- Endividamento.
Para que tudo isso seja realizado com excelência, consultores externos podem ser contratados para ajudar a empresa.
A exigência da divulgação de demonstrações financeiras em relatórios trimestrais e anuais também demanda da empresa um departamento contábil e uma área de TI (Tecnologia da Informação).
Assim, possibilitando uma análise completa do negócio pelo investidor que deseja alocar seu dinheiro na companhia.
Janelas de oportunidade
O termo “janelas de oportunidade” se refere ao período onde os investidores estão mais propensos a investir em ativos mais arriscados.
Esse período é definido baseado no cenário econômico e costuma beneficiar empresas que acabaram de abrir capital na bolsa.
Como não é possível determinar o momento exato de abertura da janela, é importante que a companhia esteja preparada para aproveitar o momento.
Existem situações onde empresas estão prontas para abrir capital, mas adiam o momento por conta da falta de disposição do mercado.
É importante lembrar que, ao solicitar que suas ações sejam listadas na B3, bolsa de valores brasileira, é preciso decidir em qual segmento os papéis serão negociados.
São eles:
- Nível 1;
- Nível 2;
- Bovespa Mais;
- Novo Mercado.
Para fazer parte do Novo Mercado, a companhia deve ter no mínimo 25% das suas ações em circulação.
Além disso, todos os papéis negociados devem ser do tipo ordinário (Ações ON) e os níveis de governança corporativa, que demonstram a transparência e eficiência da empresa, devem ser os mais altos.
Tipos de Oferta Pública de Ações
Existem dois modelos de IPO disponíveis para as empresas oferecerem suas ações. São eles:
Oferta de Ações Primária
Também chamada de Oferta de Ações pelo Mercado Primário, representa o processo onde uma empresa oferta suas ações pela primeira vez.
Esse é o modo em que o IPO ocorre na maioria das vezes, com a função de aumentar o capital da empresa através da venda das novas ações.
É importante destacar que o aumento de capital ocorre por meio da subscrição dos sócios, que beneficia os sócios já existentes.
Sendo assim, em companhias com capital já aberto, aqueles que já tinham ações da empresa podem fazer novos aportes na companhia de acordo com sua posição acionária. Dessa forma, recebendo novas ações que não existiam antes no mercado.
Oferta de Ações Secundária
Também chamado de Block Trade, representa a venda de ações já existentes, ou seja, quando não há a emissão de novos títulos.
Nesse caso, essa opção de negociação é utilizada por sócios que desejam desinvestir ou reduzir sua participação no negócio. Sendo assim, os recursos vão para os vendedores das ações, e não para a empresa em questão.
Etapas de um IPO
Existem 4 etapas no processo de abertura de capital. São elas:
Roadshow
Roadshow são reuniões de apresentação da empresa e da oferta para o mercado. Costumam ser realizadas pelas instituições financeiras responsáveis pela operação e têm como objetivo despertar o interesse de grandes investidores a participar da companhia.
Em um roadshow, que pode durar até algumas semanas, com várias reuniões diárias, é comum que executivos da empresa participem.
Durante esses encontros, é esperado que eles possam responder dúvidas dos participantes e também deixá-los interessados no processo do negócio.
Registro
Antes de um IPO, é preciso que a empresa seja registrada como companhia aberta junto à CVM (Comissão de Valores Mobiliários).
Nesse momento, também há a solicitação de listagem na B3, a bolsa de valores brasileira. Essa autorização é obrigatória para que a companhia tenha suas ações negociadas para o público.
Prospecto Preliminar
O prospecto preliminar é um documento com centenas de páginas, que reúne as informações essenciais sobre as motivações para o IPO da empresa.
Ele é fornecido aos potenciais investidores da empresa, com o objetivo de indicar os dados mais relevantes do negócio e identificar os riscos atrelados ao envolvimento com o empreendimento.
Sendo um componente essencial em um IPO, ele também serve para divulgar ao mercado detalhes sobre esse processo.
Portanto, pode reunir informações internas sobre a empresa (administração, setor, mercado etc) e quantidade de ações ofertadas, atraindo o investidor com base nos dados do negócio.
Bookbuilding
O bookbuilding é um mecanismo utilizado para que a empresa consiga avaliar, junto ao mercado financeiro, qual a demanda por suas ações. Com ele, a empresa percebe a real intenção dos investidores em comprar seus títulos na B3.
Tendo como base a oferta e demanda, ele contribui para que as novas ações da companhia sejam oferecidas a um preço justo e atrativo.
Exemplos de IPO
De acordo com a B3, de 2004 à janeiro de 2020 foram captados mais de R$190 bilhões em 174 ofertas públicas de ações.
Apenas em 2007, 64 empresas finalizaram o processo de IPO, movimentando mais de R$50 bilhões no mercado. Entre 2008 e 2020, esse volume tem diminuído, como resposta a um cenário mais conturbado economicamente.
No entanto, diversas empresas seguem em processo de IPO e tendem a movimentar bastante o mercado de capitais brasileiro.
Entre as que já abriram seu capital na bolsa, temos como exemplo a Santander Brasil (SANB11), que representou o maior IPO do mundo em 2009.
A operação representou uma movimentação de R$14,1 bilhões, com 600 milhões de units negociados a R$23,50 cada. Além disso, no mesmo dia 7 de outubro, o Santander também abriu capital na Bolsa de Nova Iorque.
Com o ganho de capital, o Santander se tornou uma das 5 maiores empresas por valor de mercado no país no período.
Vantagens de se fazer um IPO
Sem dúvida alguma, um IPO é um momento bastante importante para qualquer empresa, já que representa sua estabilidade e disposição para a obtenção de ainda mais capital para o crescimento.
Em alguns casos, essa é a melhor alternativa para que empresas consigam reunir os recursos necessários para expandirem no mercado nacional e internacional.
Portanto, o IPO tem como vantagens o oferecimento de lucro para os proprietários da empresa, já que há uma grande venda de porcentagem das suas ações.
Além disso, com as reorganizações internas e novos recursos, o negócio se torna capaz de contratar uma equipe mais qualificada e entregar melhores resultados.
Vantagens do IPO para o investidor
A abertura de capital de uma empresa não só oferece vantagens para o próprio negócio, mas também beneficia os investidores do mercado.
O principal ponto positivo desse processo é a criação de uma nova oportunidade de investimento, que pode gerar boa rentabilidade no longo prazo.
Por lei, os acionistas também têm direito a 25% dos lucros em forma de dividendos, caso a companhia adote uma política de distribuição de dividendos.
Portanto, a economia em geral é desenvolvida com o crescimento e abertura de capital de boas empresas.
Desvantagens de se fazer um IPO
Além dos pontos positivos, também existem desvantagens em se fazer um IPO. Em todos os casos, esse processo exige um grande esforço de toda a empresa por um longo período, que pode durar alguns anos.
E o principal problema disso é que, se não houver uma equipe completamente responsável por isso, os líderes da empresa podem acabar não focando nos desafios atuais do negócio.
Portanto, é importante que, devido ao processo de IPO ser caro e burocrático, a empresa contrate um banco de investimento para auxiliá-la com as particularidades da abertura de capital.
Além disso, é importante destacar que a comercialização pública de ações representa um menor controle sobre a empresa. Isso, sem deixar de lado a falta de sigilo nas estratégias e realidade financeira do negócio, sendo obrigatoriamente divulgados, de acordo com os regulamentos da CVM.
Desvantagens do IPO para o investidor
Ao se deparar com uma nova ação no mercado, o investidor acaba tendo dificuldade em entender a realidade sobre a sua precificação.
Isso ocorre, pois não existe um histórico longo de rentabilidade e desempenho do ativo.ativo. Sendo assim, é importante que o próprio investidor faça essa precificação através de um valuation.
Dessa forma, é possível identificar se a nova ação está sendo comercializada a um preço justo ou hipervalorizada no período de IPO.
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