ADR

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O que é uma ADR?

O American Depositary Receipt (ADR) – traduzindo para o português “Recibo de Depósitos Americano” -, significa a emissão de recibo de ações por parte dos bancos estadunidenses.

O ADR é um título americano que negocia ações de empresas estrangeiras, ou seja, ele permite que empresas de outros países negociem títulos na Bolsa de Valores dos EUA.

Dessa forma, o ADR pode ser definido como um certificado de ações que é negociado por meio das Bolsas dos Estados Unidos. Ele pode representar uma ou até mais ações de empresas que não estão nos EUA.

Assim, o ADR é uma categoria americana de GDR, Global Depositary Receipts, e é uma modalidade de investimento presente em Bolsas de Valores de todo o mundo.

No Brasil, por exemplo, existem os Brazilian Depositary Receipts – mais conhecidos como BDRs -, que possibilitam a negociação de empresas estrangeiras na B3 (Brasil, Bolsa e Balcão), a Bolsa de Valores brasileira.

Portanto, os ADRs funcionam como um agente simplificador entre empresas estrangeiras e investidores.

História do ADR

A definição e aplicação dos ADRs não é algo recente, dado que foi colocado em funcionamento pela primeira vez no ano de 1927.

A primeira emissão de um ADR foi realizada por uma rede britânica de lojas de departamento Selfridges. Foi criado pelo banco Guaranty Trust Co., que se fundiu para a composição do atual o J.P Morgan. Assim, o banco emitiu, em 1931, o primeiro ADR patrocinado.

Assim, o ADR permitiu que investidores dos EUA dessem início ao processo de investimento, mesmo que de maneira indireta, em empresas que ainda não tinham aberto capital no mercado dos Estados Unidos.

Como funciona o ADR?

Apesar dos ADRs serem negociados na Bolsa de Valores americana, eles são vistos como ações comuns, visto que possui um código para negociação e a possibilidade de ser negociado no pregão da Bolsa de Valores.

Vale lembrar que os recibos de depósito americano são emitidos por meio de novas ações geradas por uma empresa, ou que já estão circulando. Assim, a negociação de ADRs acontece em dólares e a cotação é igual a do país originário da companhia.

Quanto aos proventos, o funcionamento para os investidores estrangeiros é igual aos direitos possuídos pelos cidadãos do país de origem. Além disso, as tributações dos ADRs funcionam por meio de regras já aplicadas para operações com ações.

Exemplo de funcionamento dos ADRs

Um exemplo relevante associado aos ADRs é o seguinte: imagine que uma organização detentora de capital aberto no Brasil dê início a negociação de suas ações na Bolsa de Valores dos EUA.

Caso a empresa opte por negociar a emissão de ADRs, ela deverá trilhar os seguintes passos.

Primeiramente, as ações da companhia precisam ser custodiadas em uma entidade depositária brasileira.

Ressaltando que é obrigatório que a entidade seja detentora de uma autorização de funcionamento do Banco Central. Além disso, a instituição também precisa ser habilitada pela CVM – Comissão de Valores Mobiliário.

Junto com isso, um banco localizado nos Estados Unidos deve emitir recibos associados aos títulos que estão sob custódia e, então, podem ser disponibilizados na Bolsa de Valores em forma de ADR.

Função do ADR

A principal função do ADR é servir como uma ponte para os investimentos em países estrangeiros. Isso porque as ações de empresas estrangeiras não podem ser negociadas, de forma direta, na Bolsa de Valores americana.

Por isso, companhias que têm o desejo de ingressar no mercado financeiro americano podem listar-se por meio dos ADRs.

Vale lembrar que, com os ADRs, é possível realizar negociações com países de todo o mundo. Isto é, através do American Depositary Receipt, os investidores americanos podem investir na Bolsa de Valores brasileira, da mesma forma que os brasileiros podem comprar ações americanas.

Tipos de ADR

Os ADRs podem ser divididos em três tipos, cada um possuindo suas próprias características. São elas:

  1. ADR Nível 1;
  2. ADR Nível 2;
  3. ADR Nível 3.

ADR Nível 1

Considerado o tipo mais básico de ADR, não apresenta muitas exigências quanto a divulgação de informações da empresa.

Entretanto, a negociação desse tipo de ADR não é feita diretamente na Bolsa de Valores, mas sim no mercado de balcão americano.

Por isso, para que uma empresa faça parte desse nível de ADR, ela não é obrigada a lançar novas ações.

ADR Nível 2

Nesse nível de ADR, as negociações são realizadas diretamente nas Bolsas americanas, como a NASDAQ e a NYSE.

Porém, quando comparado ao primeiro nível, a exigência é maior, visto que as demonstrações financeiras precisam estar acordadas com os US GAAP e ordenadas com o padrão da SEC – que pode ser explicado com o equivalente a uma CVM dos EUA.

Da mesma forma que as ADRs de nível 1, para fazer parte do nível 2, não é obrigatório que a empresa lance novas ações no mercado.

ADR Nível 3

Já o nível 3 é o tipo mais avançado de ADR. Para fazer parte deste nível, a empresa deve cumprir todas as condições dos níveis anteriores, além de ter a exigência de que sejam lançadas novas ações no mercado.

Sendo assim, a companhia deverá realizar uma oferta pública (IPO) com novas ações, que serão vinculadas ao ADR.

Além disso, os ADRs de Nível 3, geralmente, podem representar um aumento de aporte por parte da companhia, visto que atraem atenção e levantam capital rapidamente.

Além dos tipos já citados, os ADRs também podem ser dos tipos patrocinado ou não patrocinado.

ADR Patrocinado

O ADR patrocinado, geralmente, é emitido por meio de uma colaboração direta da companhia estrangeira com o banco emissor.

Esse tipo de ADR é categorizado pelo nível de conformidade da empresa estrangeira com as regras da SEC e das normas contábeis americanas.

Portanto, os ADRs patrocinados podem ser listados nas principais Bolsas de Valores do mundo, podendo até ser considerados mais seguros.

ADR não-patrocinado

O ADR não-patrocinado é emitido sem a colaboração de empresas estrangeiras. Por isso, esses ADRs são, geralmente, iniciados por uma instituição que tem o objetivo de estabelecer uma negociação nos EUA.

Entretanto, esse tipo de ADR não está listado na Bolsa, sendo negociado apenas no mercado de balcão. Além disso, bancos também podem emitir ADRs não-patrocinados.

Vantagens e desvantagens de uma ADR

Negociar através de ADRs pode render diversas vantagens para as empresas e também para os investidores.

Porém, é importante ressaltar que o ADR é um ativo internacional. Dessa forma, ele possui tanto vantagens, quanto desvantagens e riscos.

Entre as principais vantagens do ADR para os investidores americanos, podemos citar:

  • ampla segurança jurídica, devido ao fato de empresas estrangeiras precisam ser submetidas à legislação e análise financeira americana antes de efetuar a emissão de ADRs;
  • redução burocrática e taxas para efetuar investimentos no exterior;
  • facilidade de realizar investimentos em empresas do exterior dentro do próprio país de origem, não sendo mais necessário converter a moeda ou efetuar o envio de capital para o exterior;
  • possibilidade de diversificação de carteira através de ativos internacionais.

Já no caso das vantagens para as empresas estrangeiras, podemos destacar:

  • alta possibilidade de captação de recursos;
  • possibilidade de aumento na liquidez e no volume de negociação das ações;
  • facilidade de entrada no mercado financeiro dos EUA.

Apesar de todas as vantagens oferecidas, os ADRs também apresentam desvantagens e riscos além dos já tradicionais, como, por exemplo:

  • risco cambial;
  • risco político;
  • risco inflacionário.

Risco cambial

As ADRs servem como uma representação de uma empresa estrangeira. Por isso, o bom desempenho está associado a estabilidade da moeda no país.

Dessa forma, se a moeda do país estiver sofrendo uma desvalorização, o ADR poderá sofrer consequências significativas, mesmo com a empresa emissora apresentando bons resultados.

Risco político

Caso o país no qual o ADR seja emitido apresente instabilidade política, o panorama financeiro da empresa poderá sofrer alterações.

Isso porque um ADR emitido por um banco de outro país funciona de acordo com as suas regulamentações nacionais.

Além disso, a relação política dos Estados Unidos com o país que realiza a emissão poderá afetar as perspectivas financeiras da empresa.

Risco Inflacionário

O risco inflacionário decorre da instabilidade da moeda e da alta inflação, podendo extinguir o poder de compra do país no qual tem origem a ADR.

Basicamente, é uma extensão do risco cambial, portanto, diante dessas questões, o ativo pode vir a sofrer uma desvalorização.

Ações brasileiras que possuem ADR

No mundo inteiro existem diversos ADRs, que podem ser negociados no mercado financeiro dos Estados Unidos.

Dessa forma, o investidor poderá encontrar papéis de companhias localizadas em todos os continentes do mundo.

Diante disso, o Brasil tornou-se um dos maiores ofertadores de ADRs para o mercado financeiro dos EUA e, entre os principais papéis de empresas brasileiras que estão listadas como ADRs brasileiros no mercado americano, podemos citar como exemplos:

Azul AZUL4 AZUL
Ambev ABEV3 ABV
Braskem BRKM5 BAK
Petrobras PETR4 PBR e PBR-A
Vale VALE5 VALE
Itaú Unibanco ITUB4 ITUB

Lembrando que o volume de transações associados aos papéis do ADR de origem brasileira é de, em média, 1,3 bilhões de dólares diários.

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