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Netflix (NFLX): após alta de quase 90% em um ano, ainda vale a pena investir nas ações?

Netflix (NFLX): após alta de quase 90% em um ano, ainda vale a pena investir nas ações?

Em um ano turbulento para os mercados globais — marcado pelas tarifas imprevisíveis do governo Trump, tensões comerciais, inflação persistente e incertezas macroeconômicas — a Netflix (NFLX) surpreendeu ao ir na contramão. As ações da empresa subiram cerca de 90% nos últimos 12 meses, sustentadas por um crescimento sólido e consistência nos resultados. Mas será que, após essa valorização expressiva, ainda vale a pena comprar os papéis da gigante do streaming?

O desempenho da Netflix nos últimos 12 meses

gráfico de cotação da netflix (nflx)

Depois de um crescimento modesto de receita em 2022, de apenas 6%, a percepção do mercado sobre a empresa ficou abalada. Naquele ano, fatores como a guerra na Ucrânia, o avanço da concorrência — com destaque para Disney — e o compartilhamento de senhas afetaram o desempenho da plataforma.

No entanto, a Netflix conseguiu se reestruturar. Em 2023, a receita cresceu 7%. Já em 2024, o avanço foi de 16%, impulsionado por reajustes de preços, novas estratégias de monetização do compartilhamento de contas, o lançamento de planos com anúncios e uma safra de séries de sucesso, como Griselda, Problema dos Três Corpos, Bridgerton, Me Engane, Round 6 (2ª temporada) e La Palma.

Além disso, a companhia manteve o ritmo de crescimento de assinantes até 2024 (apesar de ter deixado de divulgar esse número em 2025), expandiu suas margens operacionais e apresentou alta significativa no lucro por ação (LPA), tanto na comparação trimestral quanto anual.

Comparativo com a concorrência

Enquanto a Netflix se consolidava, concorrentes ainda buscavam o equilíbrio. A Disney (DIS), por exemplo, tinha ao final do 1T25 cerca de 125 milhões de assinantes no Disney+ e 178 milhões considerando a soma com o Hulu. A unidade de streaming da companhia só alcançou lucratividade no terceiro trimestre de 2024.

O contraste mostra que a Netflix vem colhendo os frutos de suas economias de escala e da capacidade de transformar audiência em rentabilidade.

O que esperar da Netflix em 2025?

Para este ano, a empresa aposta no retorno de suas franquias mais populares — como Round 6, Wednesday e Stranger Things —, além de novas produções como Adolescence e uma série de filmes originais.

No primeiro trimestre, a expectativa é de aumento de 15,4% na receita em relação ao ano anterior, com margem operacional de 33,3% (expansão de 610 pontos-base) e crescimento de 44,1% no lucro por ação, projetado em US$ 7,03.

A empresa não acredita que o ambiente macro — como tarifas comerciais ou inflação — afetará diretamente a demanda por seus serviços, mas reconhece que pode haver impacto indireto por conta de custos de produção, receitas publicitárias e flutuações cambiais.

No acumulado de 2025, analistas projetam crescimento de 14% na receita e 29% no LPA. Com as ações cotadas a US$ 1.040, a Netflix negocia a 41 vezes o lucro estimado — um múltiplo elevado, mas coerente com seu histórico e projeções de crescimento.

Ainda vale investir na Netflix?

Apesar da concorrência intensa, a Netflix segue como a marca mais forte do setor de streaming, com conteúdo original marcante, forte base de assinantes e um sistema de recomendação que mantém os usuários engajados. Mesmo com as ações próximas das máximas históricas, analistas avaliam que o papel ainda oferece valor para quem busca exposição ao setor de entretenimento digital no longo prazo.

Com um modelo de negócios resiliente, pouca exposição ao impacto direto da guerra comercial e uma base global em expansão, a expectativa é de que a Netflix siga como protagonista na transformação do consumo de mídia — deixando para trás, de vez, os formatos tradicionais de TV.

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