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Ibovespa em alta: o que explica a recuperação da bolsa? Saiba mais

Ibovespa em alta: o que explica a recuperação da bolsa? Saiba mais

Março tem sido um mês favorável para o Ibovespa, o principal índice da bolsa brasileira, que acumula valorização de 7,3% até agora. Mas o que está por trás desse movimento positivo no mercado acionário?

Segundo especialistas ouvidos pela Suno, a combinação de fatores internos e externos tem contribuído para o avanço dos preços dos ativos. No cenário internacional, destaca-se o aumento do fluxo de capital estrangeiro, impulsionado por um ambiente um pouco mais favorável ao risco. Já no campo político, eventos recentes também têm influenciado o comportamento da bolsa.

cotação do ibov

Para João Mamede, gestor de fundos de ações da AZ Quest, o desempenho da B3 tem sido sustentado, em grande parte, por uma conjuntura externa mais benigna. Ele observa que o presidente norte-americano, Donald Trump, tem adotado uma postura menos combativa em relação às tarifas de importação, o que abriu espaço para negociações e aliviou o clima nos mercados globais, especialmente ao longo de março.

Leonardo Santana, sócio da casa de análise Top Gain, também vê essa tendência. Segundo ele, o receio em torno das tarifas e a expectativa de cortes na taxa de juros dos EUA estão motivando uma realocação de recursos para a bolsa brasileira. “Há uma boa migração de capital vindo dos Estados Unidos, impulsionada tanto pela incerteza sobre as medidas protecionistas de Trump quanto pelas apostas de até três cortes de juros ainda este ano”, afirma.

No cenário doméstico, um fator adicional tem chamado atenção: a queda na popularidade do presidente Lula. De acordo com Mamede, a percepção de que uma eventual mudança de governo em 2026 poderia representar uma gestão mais comprometida com o equilíbrio fiscal está animando os investidores. “O mercado acredita que uma nova administração possa adotar uma postura mais responsável com as contas públicas”, comenta.

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Recuperação é sustentável ou apenas temporária?

Apesar do otimismo recente, os especialistas ainda veem com cautela a continuidade desse movimento de alta. Para Santana, é preciso que o noticiário siga favorável — especialmente no que diz respeito à condução da política fiscal — para que o rali da bolsa se sustente.

Outro ponto de atenção é a inflação. Ainda acima da meta do Banco Central, ela mantém pressão sobre os juros, que seguem elevados. “É importante observar o fim do ciclo de alta dos juros e, principalmente, o início de um novo ciclo de cortes, para que a bolsa ganhe tração”, analisa Santana.

O risco político, segundo ele, também pesa. “Com a proximidade das eleições, há a preocupação de que o governo federal adote medidas populistas em busca de apoio, o que pode resultar em aumento dos gastos públicos.”

Mamede, por sua vez, acredita que a dinâmica da curva de juros — especialmente no longo prazo — será determinante para o desempenho do Ibovespa ao longo do ano. “Mesmo que os juros de curto prazo ainda estejam subindo, o fechamento da curva longa pode continuar favorecendo o mercado de ações”, conclui.

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