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Dólar recua em dia de alívio para moedas emergentes, mas acumula alta de 0,61% na semana

Dólar recua em dia de alívio para moedas emergentes, mas acumula alta de 0,61% na semana

O dólar terminou esta sexta-feira (11) em queda, após oscilar pela manhã e se firmar no campo negativo à tarde, acompanhando o maior apetite global por divisas emergentes. A moeda encerrou a sessão cotada a R$ 5,8708, recuo de 0,47%. No entanto, ainda acumula alta semanal de 0,61% e avança 2,90% no mês. No ano, o dólar apresenta desvalorização de 5,01% frente ao real — retração que já foi superior a 8% em períodos anteriores.

O movimento de queda ganhou força à tarde, impulsionado por dados econômicos mais fracos nos Estados Unidos. O índice de sentimento do consumidor, medido pela Universidade de Michigan, veio abaixo das expectativas, enquanto o índice de preços ao produtor (PPI) mostrou deflação em março. Essas leituras pressionaram o dólar frente a outras moedas fortes, fazendo o índice DXY romper o piso dos 100,000 pontos e atingir mínima de 99,014 pela manhã.

Por outro lado, as expectativas de inflação nos EUA para os próximos 12 meses subiram para 6,7%, o maior nível desde 1981.

China responde com nova elevação de tarifas

O mercado também reagiu ao anúncio da China, que decidiu elevar de 84% para 125% as tarifas de importação sobre produtos americanos, como resposta à tarifa de 145% imposta anteriormente pelos Estados Unidos. Segundo o governo chinês, essa será a última rodada de retaliação, e novas sobretaxas por parte dos EUA não serão respondidas.

Durante a tarde, a secretária de Comunicação da Casa Branca, Karoline Leavitt, afirmou que os EUA “levaram um soco” ao comentar a reação chinesa. Apesar disso, disse que o presidente Donald Trump segue otimista e aberto a negociações com a China, embora não tenha confirmado se há conversas em andamento.

Real e outras moedas se recuperam com alívio no mercado

Depois de dias de forte pressão, o real e outras moedas latino-americanas conseguiram se recuperar parcialmente. A redução no estresse global durante a segunda metade da sessão e a alta de mais de 2% no preço do petróleo — que ainda acumula queda de dois dígitos no mês — ajudaram a impulsionar as moedas de países exportadores de commodities.

Na sessão, o dólar variou entre a máxima de R$ 5,9196 e a mínima de R$ 5,8180.

O que influenciou o câmbio nesta sexta?

Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da Treviso Corretora, avaliou que esta sexta-feira foi um dia de ajuste, após os impactos mais recentes sobre os mercados. “Foi um movimento de rescaldo. Quando o risco aumenta, investidores se desfazem de moedas emergentes. Mas quando o ambiente melhora um pouco, voltam para aproveitar o retorno mais alto”, explicou.

Galhardo também destacou que, nos últimos dias, os estrangeiros reduziram posição em Bolsa e buscaram proteção no dólar. “Hoje vimos uma recuperação no mercado acionário.”

Dirigentes do Federal Reserve também se manifestaram nesta sexta, afirmando que as tarifas impostas por Trump devem gerar mais inflação e menor crescimento, tornando a gestão da política monetária mais desafiadora. De acordo com a ferramenta do CME Group, o mercado precifica mais de 80% de chance de um corte de juros pelo Fed em junho.

Investidores começam a abandonar o dólar

Marcos Weigt, head da Tesouraria do Travelex Bank, chamou atenção para a mudança de comportamento dos investidores. “Tradicionalmente, em momentos de aversão ao risco, o dólar e os Treasuries são os destinos preferidos. Mas agora estamos vendo o movimento oposto: os investidores estão deixando o dólar e buscando outras moedas fortes, como o euro e o iene”, observou.

Segundo ele, o mercado parece entender que os Estados Unidos poderão ser os mais prejudicados no desfecho da guerra comercial. “Trump parece estar numa encruzilhada: qualquer tentativa de recuar pode prejudicar sua imagem. Já elevou tanto as tarifas que não há muito mais espaço para subir. O mercado pode até respirar um pouco, mas a volatilidade ainda deve continuar elevada”, concluiu.

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