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Setores cíclicos: o que são e como investir na bolsa

Setores cíclicos: o que são e como investir na bolsa
Ibovespa. Foto: Pixabay

Os setores cíclicos são aqueles cuja performance está diretamente ligada ao comportamento da economia. Durante períodos de crescimento, empresas desses setores experimentam alta demanda e expansão dos lucros. No entanto, em momentos de recessão, sofrem quedas expressivas, pois o consumo diminui, o crédito encarece e os investimentos são reduzidos. Esse ciclo de crescimento e retração faz com que esses setores apresentem maior volatilidade na bolsa de valores.

Neste artigo, vamos explicar o que é uma empresa cíclica, como esses setores funcionam e quais são os principais setores cíclicos na bolsa. Além disso, analisaremos os riscos e oportunidades desse tipo de investimento, ajudando você a identificar os melhores momentos para investir com estratégia.

O que são setores cíclicos?

Os setores cíclicos são aqueles altamente dependentes da atividade econômica, ou seja, seu desempenho varia conforme o crescimento ou a retração da economia. Quando o PIB cresce, o consumo aumenta, a inflação está sob controle e os juros estão baixos, esses setores se beneficiam, impulsionando empresas de varejo, turismo, construção civil e commodities. No entanto, em momentos de crise, quando a inflação sobe, os juros aumentam e o consumo desacelera, essas empresas sofrem quedas significativas em suas receitas e lucros.

Diferentemente dos setores cíclicos, os setores defensivos, como saúde, energia e telecomunicações, não sofrem grandes variações ao longo do ciclo econômico, pois oferecem produtos e serviços essenciais que continuam sendo consumidos independentemente da situação financeira das famílias. Enquanto os setores cíclicos podem proporcionar ganhos expressivos em períodos de crescimento, também apresentam maior volatilidade e riscos, exigindo um acompanhamento atento do investidor.

Como os setores cíclicos funcionam?

O comportamento dos setores cíclicos pode ser compreendido a partir da relação com os diferentes estágios do ciclo econômico na bolsa. Esse ciclo é composto por quatro fases principais: expansão, pico, recessão e recuperação.

Durante a expansão, o PIB cresce, o consumo aumenta, o desemprego diminui e os juros geralmente estão baixos. Esse é o momento mais favorável para os setores cíclicos, pois há um aumento na procura por bens e serviços não essenciais. Empresas desses setores registram crescimento nas receitas, impulsionando o preço de suas ações.

No estágio de pico, a economia atinge seu auge. Muitas vezes, esse momento vem acompanhado de um aumento na inflação, o que pode levar o Banco Central a elevar as taxas de juros para conter o crescimento excessivo. Esse aumento do custo do crédito começa a impactar setores como a construção civil e o varejo, reduzindo o ritmo de crescimento das empresas cíclicas.

Quando a economia entra em recessão, ocorre uma desaceleração da atividade econômica, caracterizada por queda no PIB, aumento do desemprego e restrição do crédito. Nesse período, os setores cíclicos são os mais afetados, pois a população reduz gastos com produtos e serviços considerados supérfluos. As empresas desses setores veem suas receitas diminuírem, o que se reflete na queda do preço de suas ações na bolsa.

Por fim, na fase de recuperação, a economia começa a dar sinais de melhora. O consumo volta a crescer gradualmente, impulsionado por medidas de estímulo econômico, como a redução da taxa de juros e o aumento da oferta de crédito. Com isso, os setores cíclicos voltam a ganhar força, e suas ações podem apresentar forte valorização.

Investidores atentos ao ciclo econômico podem aproveitar essas oscilações para comprar ações de empresas cíclicas quando os preços estão baixos e vendê-las quando o mercado está aquecido.

Exemplos de setores cíclicos e empresas

Os setores cíclicos englobam diversas áreas da economia, sendo altamente sensíveis ao desempenho do mercado e às condições macroeconômicas. Empresas desses setores tendem a crescer em períodos de expansão, quando o consumo e os investimentos aumentam, mas podem sofrer quedas expressivas durante crises, quando a demanda diminui.

A seguir, confira alguns dos principais setores cíclicos, suas características e exemplos de empresas que se destacam na bolsa de valores:

Setor Características Exemplos de empresas
Varejo Depende do poder de compra dos consumidores e do crédito. Magazine Luiza (MGLU3), Via (VIIA3), Renner (LREN3)
Turismo e lazer Cresce em períodos de alta renda e confiança do consumidor. CVC (CVCB3), Gol (GOLL4), Azul (AZUL4)
Construção civil Fortemente impactado pela taxa de juros e disponibilidade de crédito. MRV (MRVE3), Cyrela (CYRE3), Eztec (EZTC3)
Commodities Influenciado pela demanda global por insumos como petróleo e minério de ferro. Vale (VALE3), Petrobras (PETR4), Suzano (SUZB3)
Bancos e financeiras Dependem do crescimento do crédito e da atividade econômica. Itaú (ITUB4), Bradesco (BBDC3), Banco Pan (BPAN4)

Esses setores apresentam alto potencial de valorização quando a economia está aquecida, mas sofrem quedas significativas em tempos de crise.

Riscos e benefícios dos setores cíclicos

Os setores cíclicos oferecem oportunidades de valorização expressiva, mas também exigem atenção redobrada dos investidores, pois estão entre os setores mais sensíveis à economia. Seu desempenho flutua conforme o ciclo econômico, tornando-os atraentes em momentos de crescimento, mas arriscados durante crises.

Antes de investir, é essencial compreender os benefícios que esses setores podem proporcionar e os riscos que acompanham essa volatilidade.

Benefícios

Apesar da instabilidade, os setores cíclicos podem ser extremamente lucrativos para investidores que sabem identificar as melhores oportunidades:

  • Alto potencial de valorização em períodos de expansão: quando a economia cresce, a demanda por bens e serviços aumenta, impulsionando o desempenho das empresas cíclicas;
  • Oportunidades de compra em momentos de crise (preços baixos): em períodos de recessão, os preços das ações caem, permitindo que investidores adquiram ativos descontados e se beneficiem da recuperação futura;
  • Empresas líderes no setor podem gerar retornos expressivos no longo prazo: Grandes companhias costumam se destacar mesmo em momentos difíceis, garantindo crescimento sustentável e recompensando investidores pacientes.

Riscos

Por outro lado, os setores cíclicos apresentam desafios que podem impactar negativamente a rentabilidade dos investidores:

  • Alta volatilidade e quedas acentuadas em momentos de recessão: quando a economia desacelera, esses setores tendem a sofrer quedas bruscas, reduzindo o valor dos ativos rapidamente;
  • Sensibilidade a fatores externos, como taxa de juros e política econômica: decisões governamentais, inflação e crises internacionais podem afetar diretamente a performance das empresas cíclicas;
  • Investidores precisam estar atentos ao momento certo de entrada e saída: o sucesso ao investir nesses setores depende de uma análise cuidadosa do ciclo econômico, evitando entrar no mercado quando os preços já estão elevados ou sair em pânico durante crises.

Ao considerar esses pontos, os investidores podem tomar decisões mais informadas e equilibradas ao expor sua carteira aos setores cíclicos.

Quando investir em setores cíclicos?

Saber quando investir em setores cíclicos é essencial para maximizar os retornos e minimizar os riscos. Como esses setores estão diretamente ligados ao ciclo econômico, escolher o momento certo para comprar e vender ações pode fazer toda a diferença. 

O ideal é investir nesses setores quando a economia está começando a se recuperar ou em plena expansão, e reduzir a exposição quando há sinais de recessão. Para identificar o melhor momento de entrada, alguns indicadores econômicos devem ser acompanhados de perto:

  • Taxa de juros: juros baixos estimulam o consumo e o crédito, beneficiando setores como varejo, construção civil e turismo. Já juros elevados tornam os financiamentos mais caros, reduzindo a demanda nesses setores;
  • Inflação: quando a inflação está alta, o poder de compra da população diminui, afetando negativamente os setores cíclicos. Uma inflação controlada, por outro lado, cria um ambiente mais favorável para essas empresas;
  • Confiança do consumidor: esse indicador reflete o otimismo ou pessimismo da população em relação à economia. Quando a confiança está alta, as pessoas tendem a gastar mais, impulsionando setores como turismo e varejo. Se está baixa, o consumo desacelera, prejudicando esses mercados;
  • PIB e produção industrial: o crescimento do PIB e da produção industrial sinaliza uma economia aquecida, o que favorece setores cíclicos. Já quedas nesses indicadores podem antecipar períodos de menor demanda e instabilidade.

Monitorar esses fatores ajuda a tomar decisões mais estratégicas, evitando entrar no mercado em momentos desfavoráveis e aproveitando as melhores oportunidades de valorização.

Estratégias para investir em setores cíclicos

Investir em setores cíclicos pode ser altamente lucrativo, mas exige uma abordagem estratégica. Como esses setores são sensíveis às oscilações da economia, é fundamental adotar critérios sólidos para minimizar riscos e aproveitar oportunidades. A seguir, destacamos quatro estratégias essenciais para investir com sucesso.

  • Analisar o momento do ciclo econômico: identifique em qual fase a economia se encontra antes de investir. Indicadores como PIB, taxa de juros e inflação podem sinalizar se o momento é favorável para setores cíclicos;
  • Escolher empresas bem posicionadas no setor: prefira empresas líderes de mercado, com boa gestão e solidez financeira, pois elas tendem a se recuperar mais rapidamente em crises;
  • Diversificar a carteira: não concentre seus investimentos apenas em setores cíclicos. Incluir ações de setores defensivos ajuda a equilibrar o portfólio e reduzir riscos;
  • Monitorar indicadores macroeconômicos: acompanhe fatores como política monetária e demanda do consumidor para ajustar sua posição no mercado e aproveitar os melhores momentos para investir.

Seguindo essas estratégias, é possível investir de forma mais consciente e melhorar os retornos em setores cíclicos, aproveitando as oportunidades sem se expor a riscos excessivos.

Conclusão 

Os setores cíclicos estão diretamente ligados ao desempenho da economia, oferecendo grandes oportunidades de valorização em momentos de crescimento, mas também apresentando riscos elevados em períodos de crise. Seu comportamento varia conforme o ciclo econômico, tornando essencial a análise de indicadores como taxa de juros, inflação e confiança do consumidor antes de investir.

Embora sejam atraentes para quem busca altos retornos, esses setores exigem cautela devido à sua volatilidade. Estratégias como diversificação da carteira, escolha de empresas sólidas e acompanhamento do mercado ajudam a reduzir os riscos e aumentar as chances de sucesso.

Contudo, para tomar decisões mais seguras e aproveitar as melhores oportunidades, é essencial dominar boas estratégias de investimento.

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