O setor de petróleo é um dos mais importantes da economia global e desempenha um papel estratégico no Brasil. Com vastas reservas de petróleo e uma produção expressiva, o país possui empresas que se destacam no mercado de capitais, como Petrobras (PETR4) e Prio (PRIO3). Ambas as companhias atuam no segmento de exploração e produção de petróleo, mas possuem modelos de negócios distintos, resultando em perfis de investimento diferentes.
Diante disso, muitos investidores se perguntam: “PRIO3 ou PETR4?” Qual dessas ações pode ser mais interessante para compor um portfólio de investimentos? Para responder a essa pergunta, analisaremos as principais características de cada empresa, seus indicadores financeiros, dividendos, riscos e potenciais de valorização.
Vale ressaltar que este artigo não é uma recomendação de investimento, mas sim um comparativo baseado em dados objetivos, ajudando os investidores a tomarem decisões mais informadas.
O setor de petróleo no Brasil
O Brasil é um dos maiores produtores de petróleo do mundo, sendo um importante player na Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP+). A economia brasileira tem grande dependência desse setor, tanto pelas exportações quanto pelo impacto nos preços dos combustíveis e na arrecadação fiscal.
No mercado de capitais, o setor de petróleo é um dos mais voláteis, pois suas ações são fortemente influenciadas pelo preço do barril de petróleo no mercado internacional, decisões políticas e questões ambientais. Além disso, fatores como a demanda global por combustíveis fósseis, novas regulamentações ambientais e a transição energética para fontes renováveis também influenciam o desempenho dessas empresas.
Dentro desse contexto, Petrobras (PETR4) e Prio (PRIO3) se destacam como as principais opções de investimento no setor de petróleo na B3. No entanto, cada uma delas possui características distintas que podem atender a diferentes perfis de investidores.
Petrobras (PETR4) ou Prio (PRIO3)
No setor de petróleo, Petrobras (PETR4) e Prio (PRIO3) se destacam por suas atuações distintas no mercado. Enquanto a Petrobras é uma gigante estatal, com forte presença em toda a cadeia do petróleo e influência governamental, a Prio adota um modelo mais enxuto e privado, focado na exploração de campos maduros. Essa diferença estrutural impacta diretamente a forma como as empresas operam, seus resultados financeiros e o perfil de investidores que cada uma pode atrair.
A seguir, veja um panorama das duas empresas, destacando suas diferenças em termos de estrutura, modelo de negócios e estratégias de crescimento.
Petrobras (PETR4)
A Petrobras é a maior empresa do setor de petróleo no Brasil e uma das maiores do mundo. Como estatal, possui forte participação governamental, o que a torna uma companhia estratégica para o país. Seu modelo de negócio é amplo, abrangendo desde a exploração e produção de petróleo até o refino, transporte e distribuição de combustíveis. Esse porte gigante garante uma receita robusta e um fluxo de caixa consistente, fatores que contribuem para um histórico atrativo de pagamento de dividendos.
Por outro lado, a forte influência do governo nas decisões da empresa pode gerar incertezas para os investidores. Políticas de controle de preços dos combustíveis, mudanças na gestão e novas diretrizes governamentais são fatores que podem impactar a lucratividade da companhia. Além disso, a Petrobras carrega um nível de endividamento elevado, reflexo de grandes investimentos realizados ao longo das décadas, especialmente no pré-sal.
Prio (PRIO3)
Diferente da Petrobras, a Prio (antiga PetroRio) é uma empresa privada e independente, com um modelo de negócios focado na exploração e otimização de campos maduros. Seu objetivo é adquirir ativos já em operação e aumentar sua produtividade, utilizando tecnologias avançadas e eficiência operacional para reduzir custos e melhorar a extração.
Nos últimos anos, a Prio se destacou pelo seu crescimento acelerado, aumentando sua produção e expandindo sua presença no setor de petróleo. Seu modelo de gestão mais ágil e enxuto permite decisões rápidas e maior controle sobre os investimentos.
No entanto, diferentemente da Petrobras, a empresa opta por reinvestir grande parte de seus lucros em novas aquisições e projetos, resultando em um pagamento de dividendos menor. Essa estratégia, apesar de oferecer grande potencial de valorização, pode não ser a mais atrativa para investidores focados exclusivamente em renda passiva.
Ambas as empresas possuem vantagens e desafios próprios. A Petrobras se destaca pela estabilidade financeira e distribuição de dividendos, mas enfrenta riscos políticos e elevados níveis de endividamento. Já a Prio, com sua abordagem focada no crescimento e eficiência, oferece maior potencial de valorização, mas com menor previsibilidade de pagamentos de dividendos. A escolha entre PRIO3 ou PETR4? dependerá do perfil de cada investidor e de seus objetivos financeiros.
Comparação de indicadores financeiros
A análise dos principais indicadores financeiros de PRIO3 e PETR4 é fundamental para entender as diferenças entre essas empresas e auxiliar os investidores na escolha do ativo mais adequado ao seu perfil. A seguir, vamos avaliar os múltiplos de valuation, a política de distribuição de dividendos, o crescimento das receitas e lucros, além da estrutura de endividamento de cada uma.
Valuation e preço da ação
Os múltiplos de valuation ajudam a entender como o mercado precifica cada empresa em relação ao seu desempenho financeiro e expectativas futuras. O P/L (Preço sobre Lucro) da Prio está em 15,3, enquanto o da Petrobras é significativamente menor, em 6,5. Isso indica que o mercado tem expectativas de crescimento mais agressivas para a PRIO3, enquanto a PETR4 é vista como uma ação mais descontada em relação aos seus lucros atuais.
O P/VPA (Preço sobre Valor Patrimonial por Ação) de ambas as companhias está próximo de 1, o que significa que suas ações são negociadas próximas ao valor contábil de seus ativos. Já o EV/EBITDA, que mede o valor da empresa em relação ao seu lucro operacional, é de 7,2 para PRIO3 e 3,8 para PETR4. Um múltiplo mais alto pode indicar um mercado mais otimista em relação ao crescimento da Prio, enquanto o valuation da Petrobras sugere um prêmio menor em relação ao seu desempenho atual.
Dividend yield
Para os investidores que buscam renda passiva, o dividend yield é um dos fatores mais relevantes na escolha de um ativo. A Petrobras historicamente tem sido uma das maiores pagadoras de dividendos da Bolsa brasileira. Atualmente, seu dividend yield está em 9,3%, um percentual bastante atrativo para quem busca retornos consistentes. No último trimestre, a estatal anunciou a distribuição de US$ 3 bilhões em dividendos, o que representa R$ 1,3282 por ação.
Já a Prio adota uma estratégia diferente. Seu dividend yield é consideravelmente menor, em torno de 2,6%, e o valor distribuído por ação foi de R$ 0,60. Isso ocorre porque a empresa reinveste grande parte de seus lucros na aquisição de novos ativos e no crescimento da produção, priorizando a valorização de suas ações no longo prazo. Dessa forma, enquanto PETR4 pode ser mais atraente para quem busca renda passiva, PRIO3 pode ser mais indicada para quem deseja capturar crescimento.
Receita e lucro líquido
Ao analisar o desempenho operacional, fica evidente a diferença de escala entre as duas empresas. A Petrobras, como gigante do setor, registrou uma receita anual de R$ 300 bilhões, com um lucro líquido de R$ 30 bilhões. No terceiro trimestre de 2024, a companhia reportou um crescimento de 22% no lucro, alcançando R$ 32,6 bilhões, enquanto a receita líquida de vendas aumentou 3,8%, chegando a R$ 129,6 bilhões. Esse resultado foi impulsionado pelo aumento na produção de petróleo e pelo crescimento das exportações.
A Prio, apesar de ser muito menor em tamanho, tem apresentado crescimento acelerado. Sua receita anual é de R$ 3,4 bilhões, com um lucro líquido de R$ 550 milhões. Esse desempenho vem sendo impulsionado pela aquisição de novos ativos e pela otimização da produção de campos maduros. Mesmo sem o mesmo volume de receita da Petrobras, a companhia tem conseguido expandir seus negócios de maneira eficiente, mantendo margens atrativas e crescendo de forma sustentável.
Endividamento
Outro aspecto importante para a análise é o nível de endividamento das empresas. A Petrobras, devido à sua grande escala e necessidade de investimentos em infraestrutura, carrega uma dívida líquida de aproximadamente R$ 300 bilhões.
Esse alto endividamento é resultado de décadas de investimentos em refinarias, exploração e novas tecnologias, além de momentos de gestão menos eficiente no passado. A empresa vem trabalhando na redução de sua alavancagem, principalmente por meio da venda de ativos e reavaliação de seus projetos de capital intensivo.
Por outro lado, a Prio possui uma estrutura de capital muito mais leve, com uma dívida líquida de apenas R$ 2 bilhões. Isso dá à empresa maior flexibilidade para novos investimentos e permite que ela aproveite oportunidades de crescimento sem comprometer excessivamente sua estrutura financeira. Esse nível mais baixo de alavancagem também reduz os riscos em momentos de instabilidade no mercado de petróleo.
O que os números mostram?
A análise dos principais indicadores financeiros de PRIO3 e PETR4 destaca diferenças fundamentais entre as duas empresas. Enquanto a Petrobras apresenta um valuation mais descontado, altos dividendos e grande escala operacional, a Prio se posiciona como uma companhia de crescimento acelerado, com menor endividamento e maior valorização esperada no longo prazo.
A escolha entre uma ou outra dependerá do perfil do investidor. Para quem busca renda passiva e uma empresa consolidada, PETR4 pode ser mais interessante. Para aqueles que priorizam crescimento e valorização, PRIO3 pode ser a melhor aposta.
Abaixo, está uma tabela comparativa entre PRIO3 e PETR4, baseada nos principais indicadores financeiros de cada empresa:
Indicador | PRIO3 | PETR4 |
P/L (Preço/Lucro) | 15,3 | 6,5 |
P/VPA (Preço/Valor Patrimonial por Ação) | 1,3 | 1,1 |
EV/EBITDA | 7,2 | 3,8 |
Dividend yield (%) | 2,6% | 9,3% |
Valor do dividendo (R$) | R$ 0,60 | R$ 2,50 |
Receita anual (R$ bilhões) | 3,4 | 300 |
Lucro líquido (R$ bilhões) | 0,55 | 30 |
Dívida líquida (R$ bilhões) | 2 | 300 |
Essa tabela facilita a visualização das principais diferenças entre as duas empresas. Podemos notar que a Petrobras possui um dividend yield muito superior e um lucro líquido expressivo, mas também um alto nível de endividamento.
Já a Prio apresenta um valuation mais elevado, menor pagamento de dividendos e uma estrutura de capital mais leve, o que pode permitir um crescimento mais acelerado no longo prazo.
Potencial de crescimento e riscos
Ao avaliar um investimento no setor de petróleo, não basta apenas analisar os indicadores financeiros de uma empresa. É necessário compreender seu potencial de crescimento, os riscos envolvidos e como fatores externos podem impactar seus resultados no longo prazo.
Tanto a Prio (PRIO3) quanto a Petrobras (PETR4) possuem estratégias distintas e enfrentam desafios específicos. Enquanto a PRIO3 se destaca por seu crescimento acelerado e aquisições estratégicas, a PETR4 é conhecida por sua solidez financeira e política de dividendos generosa, embora esteja sujeita a interferências governamentais.
Além disso, ambas são afetadas pelas oscilações do preço do petróleo no mercado internacional, fator que pode impactar diretamente suas receitas e margens de lucro. Da mesma forma, suas políticas de dividendos são aspectos-chave para os investidores, especialmente aqueles que buscam renda passiva.
A seguir, vamos aprofundar os principais fatores que influenciam o crescimento e os riscos dessas duas gigantes do setor petrolífero.
Crescimento da PRIO3
A PRIO3, anteriormente conhecida como PetroRio, tem se destacado no setor de petróleo brasileiro por sua estratégia de expansão agressiva focada na aquisição e revitalização de campos maduros. Essa abordagem permite à empresa aumentar sua produção e eficiência operacional de maneira significativa.
Em setembro de 2024, a PRIO confirmou negociações para adquirir a participação de 40% da chinesa Sinochem no campo de Peregrino, localizado na Bacia de Campos. Essa potencial aquisição é vista como “transformacional” pelos analistas, pois poderia ampliar consideravelmente a capacidade produtiva da empresa.
Além disso, em janeiro de 2025, a PRIO demonstrou interesse em participar de leilões da Agência Nacional do Petróleo (ANP) para a aquisição de novos blocos exploratórios no pré-sal. Embora essa iniciativa diversifique as operações da empresa, também levanta questões sobre os custos e os riscos associados à exploração em águas profundas.
A estratégia de crescimento da PRIO tem sido reconhecida por instituições financeiras. Em abril de 2024, o Morgan Stanley elegeu a PRIO como sua principal escolha no setor de petróleo e gás brasileiro, destacando a eficiência operacional e o potencial de valorização da empresa.
Estabilidade da PETR4
A Petrobras (PETR4) é a maior empresa de petróleo do Brasil e uma das maiores do mundo, com um histórico de lucros robustos e distribuição significativa de dividendos. Em 2022, a Petrobras distribuiu US$ 37,29 bilhões em dividendos, superando gigantes internacionais como Exxon Mobil e Chevron.
No entanto, a Petrobras, por ser uma estatal, está sujeita a interferências políticas que podem afetar suas decisões estratégicas e operacionais. Em março de 2023, a empresa anunciou a retenção de até R$ 6,5 bilhões em proventos, sinalizando possíveis mudanças na política de dividendos, o que gerou preocupações entre os investidores sobre a influência governamental nas decisões corporativas.
Oscilações do preço do petróleo
As oscilações nos preços internacionais do petróleo afetam diretamente tanto a PRIO quanto a Petrobras. Em 2022, a disparada nos preços do petróleo, impulsionada por fatores geopolíticos como a guerra na Ucrânia, resultou em lucros recordes para a Petrobras, permitindo uma distribuição de dividendos sem precedentes.
Para a PRIO, variações nos preços do petróleo também influenciam sua receita e lucratividade. No entanto, a empresa busca mitigar esses impactos por meio de uma gestão eficiente e da aquisição estratégica de ativos que possam oferecer retornos atrativos mesmo em cenários de preços adversos.
Política de dividendos
A política de dividendos é um aspecto crucial para investidores que buscam renda passiva. A Petrobras tem se destacado como uma das maiores pagadoras de dividendos do mundo. Em 2022, a empresa distribuiu US$ 37,29 bilhões em dividendos, superando o somatório do que Exxon Mobil, Chevron e PetroChina pagaram aos seus acionistas no mesmo período.
Por outro lado, a PRIO adota uma política de reinvestimento dos lucros, priorizando a expansão e a aquisição de novos ativos em vez da distribuição de dividendos elevados. Essa abordagem visa fortalecer a posição da empresa no mercado e garantir um crescimento sustentável a longo prazo.
Em resumo, enquanto a Petrobras oferece um histórico de dividendos robustos, atraindo investidores interessados em renda imediata, a PRIO foca no crescimento e na valorização de suas ações, o que pode ser mais atrativo para investidores com perfil de longo prazo.
Conclusão
A escolha entre PRIO3 ou PETR4 depende do perfil do investidor. PETR4 se destaca pelo pagamento de altos dividendos e por sua posição consolidada no mercado, mas está sujeita a interferências governamentais. Já PRIO3 oferece maior potencial de crescimento, com uma gestão mais eficiente e menor exposição a riscos políticos, embora pague menos dividendos.
Se o objetivo for renda passiva e estabilidade, Petrobras (PETR4) pode ser a melhor opção. Para quem busca valorização de longo prazo e crescimento, Prio (PRIO3) se mostra mais atrativa. Ambas as empresas estão expostas à volatilidade do preço do petróleo, o que pode impactar suas ações no curto e médio prazo.
É importante reforçar que este artigo não é uma recomendação de investimento, mas sim um comparativo baseado em dados objetivos. Antes de tomar qualquer decisão, é essencial avaliar sua estratégia e tolerância a risco.
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