Uma estratégia de investimento de longo prazo envolve manter ativos por mais de 12 meses. Isso inclui fundos imobiliários, ações, ETFs, fundos mútuos e outros investimentos. Essa abordagem, conhecida como buy and hold, exige disciplina e paciência, pois os investidores precisam estar preparados para lidar com riscos no curto prazo enquanto aguardam retornos maiores no futuro.
Investir em ações e mantê-las é uma das formas mais eficazes de aumentar o patrimônio ao longo do tempo. O S&P 500, principal indicador da bolsa de valores nos Estados Unidos, por exemplo, registrou perdas anuais em apenas 13 anos entre 1974 e 2023, demonstrando que o mercado de ações oferece retornos positivos com muito mais frequência do que negativos.
Melhores retornos a longo prazo
A classe de ativos refere-se a uma categoria específica de investimentos que compartilham características semelhantes. Exemplos incluem ações e ativos de renda fixa, como títulos. A melhor classe de ativos para cada investidor depende de fatores como idade, perfil de risco, objetivos financeiros e capital disponível. Mas quais delas são mais indicadas para uma estratégia de longo prazo?
Ao analisar o desempenho de diversas classes de ativos ao longo das décadas, verificamos que as ações superaram quase todas as outras. Levantamento do site “Investopedia revela” que o S&P 500 apresentou um retorno médio anual de 9,80% entre 1928 e 2023, em comparação com os 3,30% das letras do Tesouro de três meses (T-bills), os 4,86% dos títulos do Tesouro de 10 anos e os 6,55% do ouro.
Os mercados emergentes possuem um dos maiores potenciais de retorno no mercado de ações, mas também apresentam maiores riscos. Historicamente, essa classe de ativos tem mostrado retornos médios anuais elevados, embora flutuações de curto prazo impactem seu desempenho. Por exemplo, em 30 de setembro de 2024, o índice MSCI Emerging Markets registrou um retorno anualizado de 4,02% nos últimos 10 anos.
As ações de empresas small caps e large caps também se destacam por retornos acima da média. O índice Russell 2000, que mede o desempenho de 2.000 pequenas empresas, apresentou um retorno de 8,39% nos últimos 10 anos até 28 de outubro de 2024. Já o índice Russell 1000, que acompanha empresas de grande porte, teve um retorno médio de 13,15% no mesmo período.
Superar altos e baixos
Ações são consideradas investimentos de longo prazo porque, no curto prazo, é comum que oscilem entre 10% e 20% – ou até mais. No entanto, investidores que permanecem aplicados ao longo dos anos conseguem superar essas oscilações e obter retornos mais sólidos.
Desde a década de 1920, investidores que aplicaram no S&P 500 por um período de 20 anos raramente tiveram prejuízo. Mesmo com eventos como a Grande Depressão, a Segunda-feira Negra, a bolha da internet e a crise financeira de 2008, aqueles que mantiveram seus investimentos no S&P 500 por duas décadas sempre obtiveram retornos positivos.
Embora retornos passados não garantam resultados futuros, o histórico sugere que investimentos de longo prazo em ações tendem a gerar resultados favoráveis quando mantidos por tempo suficiente.
No Brasil a situação é semelhante. Veja, abaixo, o histórico do Ibovespa, principal índice da B3, nos últimos 10 anos:
Decisões podem ser menos emocionais e mais lucrativas
A maioria dos investidores acredita que toma decisões racionais, mas, na prática, as emoções frequentemente interferem. Muitos afirmam ser investidores de longo prazo, mas, quando o mercado começa a cair, acabam retirando seus investimentos para evitar perdas maiores.
O problema é que muitos não retornam ao mercado no momento da recuperação. Normalmente, voltam a investir quando grande parte dos ganhos já foi conquistada, resultando na compra de ações a preços mais altos e na venda a preços mais baixos – um comportamento prejudicial aos retornos.
O estudo Análise Quantitativa do Comportamento do Investidor, da Dalbar, revelou que, no período de 30 anos encerrado em 31 de dezembro de 2022, o S&P 500 teve um retorno médio anualizado de 9,65%, enquanto o investidor médio de fundos de ações obteve apenas 6,81% ao ano.
Algumas razões explicam essa diferença:
- Medo do arrependimento: Muitos investidores duvidam de suas próprias decisões e seguem o comportamento da maioria, especialmente quando o mercado está em queda. O receio de ver seus investimentos desvalorizarem faz com que vendam suas ações antes da recuperação.
- Pessimismo em tempos de crise: O otimismo predomina nas altas do mercado, mas desaparece rapidamente em momentos de incerteza. As oscilações podem ser impulsionadas por choques econômicos de curto prazo, mas é importante lembrar que essas perturbações costumam ser temporárias.
Investidores que tentam prever e cronometrar o mercado frequentemente comprometem seus ganhos. Em contraste, uma estratégia simples de comprar e manter ao longo do tempo tende a gerar retornos mais consistentes.
Ações de dividendos
Dividendos são lucros distribuídos regularmente por empresas sólidas, muitas delas blue chips ou ações defensivas – empresas que se mantêm resilientes mesmo em tempos de crise.
Empresas que pagam dividendos oferecem aos acionistas a oportunidade de compartilhar seus lucros. Embora possa ser tentador sacar os dividendos, reinvesti-los pode ser uma estratégia poderosa para o crescimento do patrimônio.
Isso ocorre porque os dividendos podem ser reinvestidos, aproveitando o efeito dos juros compostos – ou seja, os dividendos geram novos dividendos ao longo do tempo, aumentando significativamente o saldo do investidor.