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Dólar sobe 0,66% e encerra a R$ 5,89 com guerra comercial novamente no foco dos mercados

imagem de notas de dólar

O dólar fechou esta terça-feira (15) em alta de 0,66%, cotado a R$ 5,8900, após atingir máxima de R$ 5,9041 no início da tarde. A valorização da moeda americana foi observada em escala global, em meio à crescente cautela dos investidores diante do agravamento da guerra comercial. Além da ausência de avanços nas negociações com a União Europeia, os Estados Unidos sofreram nova retaliação da China.

No começo do pregão, o dólar chegou a operar em queda, atingindo mínima de R$ 5,8340. Porém, com o desenrolar do dia, a moeda inverteu o movimento e passou a subir, acompanhando a tendência externa. O índice DXY — que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis moedas fortes e que recentemente havia rompido o piso dos 100,000 pontos, atingindo o menor nível em três anos — voltou a subir e chegou à máxima de 100,276 pontos.

Investidores buscam proteção em meio ao aumento do risco

As taxas dos Treasuries recuaram, refletindo a tradicional busca por segurança em momentos de aversão ao risco. De acordo com analistas, também pode ter havido um movimento tático de compras após a forte desvalorização recente dos títulos. Com o impacto inicial do tarifaço de Trump, investidores haviam se desfazido de Treasuries, diante da possibilidade de que a China vendesse sua carteira de forma agressiva, o que aumentaria o prêmio de risco dos papéis americanos.

“O dólar se fortalece diante da incerteza provocada pelas tarifas de Trump. A China respondeu aumentando a retaliação, inclusive suspendendo o recebimento de aviões da Boeing”, comentou Davi Lelis, especialista da Valor Investimentos. “Moedas emergentes são mais sensíveis a choques externos, e com a reconfiguração das cadeias globais de produção, ainda veremos bastante volatilidade”, completou.

Como parte das novas medidas, o governo chinês ordenou que companhias aéreas locais interrompam o recebimento de aeronaves da Boeing, além de suspender a compra de peças e equipamentos de empresas americanas, segundo informações da Bloomberg.

Trump intensifica discurso e reforça agenda protecionista

Em publicação na rede Truth Social, o presidente dos EUA, Donald Trump, acusou a China de descumprir acordos comerciais, tanto com o setor agrícola quanto com a Boeing. Ele afirmou que os chineses foram “brutais” com os agricultores americanos e desrespeitaram compromissos com a fabricante de aeronaves. Trump voltou a defender que os recursos gerados com a taxação das importações poderiam compensar a arrecadação de impostos, reforçando seu discurso protecionista.

Durante a tarde, a secretária de Comunicação da Casa Branca, Karoline Leavitt, afirmou que mais de 75 países já procuraram os EUA para negociar tarifas. Segundo ela, acordos poderão ser anunciados “muito em breve”. Leavitt reforçou que Trump segue aberto a conversas com a China, mas que agora “a bola está do lado chinês”.

PLDO traz atenção para o cenário fiscal local

No Brasil, o gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo, observou que, apesar do ambiente ainda cauteloso, os mercados já não demonstram oscilações tão acentuadas como nos primeiros dias após o tarifaço.

“Estamos vendo uma tentativa de acomodação, mesmo com a indefinição sobre as tarifas. A partir de agora, o real pode voltar a ser impactado também por fatores internos, como o cenário fiscal”, afirmou Galhardo, citando a apresentação do Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO).

Segundo ele, o mercado segue atento à origem dos recursos para viabilizar as promessas do governo e, ao mesmo tempo, cumprir as metas fiscais. “Isso faz com que investidores mantenham posições cambiais mais defensivas”, avaliou.

O PLDO, divulgado após o fechamento do mercado à vista, trouxe como previsão uma meta de superávit primário de 0,25% do PIB para 2026, com margem de 0,25 ponto percentual. A estimativa é de um superávit de R$ 38,2 bilhões para o governo central no ano.

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